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Insuficiência respiratória aguda: papel da fisioterapia no tratamento

A insuficiência respiratória aguda (IRA) é uma condição clínica crítica que demanda abordagem especializada e multiprofissional, na qual a fisioterapia respiratória exerce papel fundamental tanto no manejo quanto na reabilitação dos pacientes. A seguir, serão desenvolvidos os tópicos sugeridos com enfoque técnico-científico e baseados em fontes atualizadas.

Avaliação do Paciente com Insuficiência Respiratória Aguda

A avaliação inicial do paciente com IRA deve ser minuciosa, incorporando critérios clínicos objetivos e parâmetros respiratórios que orientam decisões terapêuticas. Entre os principais indicadores encontram-se a gasometria arterial (analisando PaO2, PaCO2 e pH), oximetria de pulso, frequência respiratória, uso de musculatura acessória e análise semiológica detalhada do padrão respiratório. Sinais de gravidade incluem dessaturação (SpO2 < 92%), dispneia intensa, taquipneia (> 30 irpm), alteração do estado mental, sinais de esforço respiratório excessivo e fadiga muscular. O monitoramento contínuo desses parâmetros, aliado à utilização de escalas funcionais e avaliações seriadas, é essencial para identificar rapidamente a deterioração clínica e a necessidade de intervenções mais agressivas, como a transição da terapia não invasiva para ventilação mecânica invasiva. Radiografia de tórax, ultrassonografia pulmonar e outros métodos de imagem complementam a avaliação, permitindo a identificação de opacidades, derrames pleurais e outros agravos secundários.  

Recursos não Invasivos em Fisioterapia Respiratória

As modalidades não invasivas de suporte ventilatório têm importância no tratamento da IRA e podem ser implementadas pelo fisioterapeuta de acordo com protocolos estabelecidos e individualizados.

  • CPAP (Continuous Positive Airway Pressure):
    Mantém pressão positiva contínua nas vias aéreas, útil sobretudo em quadros de edema pulmonar cardiogênico e apneia obstrutiva do sono, promovendo melhora da oxigenação e redução do esforço respiratório.
  • BiPAP (Bilevel Positive Airway Pressure):
    Oferece dois níveis de pressão (IPAP e EPAP), facilitando a eliminação de CO2 especialmente em pacientes com DPOC exacerbada e hipercapnia associada.
  • Oxigenoterapia de Alto Fluxo:
    Utiliza cânula nasal especial, fornecendo oxigênio aquecido e umidificado a fluxos elevados (30-50 L/min), indicados principalmente quando há hipoxemia refratária à oxigenoterapia convencional. Apresenta benefícios em termos de conforto, redução do trabalho respiratório e eficácia comparável à ventilação não invasiva em determinados contextos.

A escolha do método depende do perfil fisiopatológico, tolerância do paciente e objetivos do tratamento, devendo sempre prezar pela segurança, evitar atrasos na intubação quando indicada e assegurar monitoramento rigoroso dos parâmetros respiratórios durante todo o processo.

Higiene Brônquica e Manejo de Secreções

O acúmulo de secreções nas vias aéreas pode agravar a insuficiência respiratória e aumentar o risco de infecções secundárias. A higiene brônquica é um conjunto de técnicas aplicadas pela fisioterapia para auxiliar na remoção dessas secreções e restaurar a funcionalidade pulmonar.

  • Técnicas Manuais:
    Drenagem postural, percussão, vibração torácica (em desuso ultimamente), huffing e exercícios de tosse dirigida são extensivamente utilizados para promover mobilização e secreção eficaz. ​
  • Aparelhos de Pressão Expiratória Positiva (PEP) e Oscilação:
    Facilitam o deslocamento de secreções e a reexpansão alveolar, podendo ser empregadas mediante avaliação funcional criteriosa.
  • Aspiração Endotraqueal:
    Indicada apenas em situações de obstrução das vias aéreas por secreção, quando o paciente não é capaz de expectoração, requer cuidados para prevenção de infecções nosocomiais, como a utilização de técnica estéril e rigor no controle do tempo e frequência do procedimento.

Essas intervenções, associadas à mobilização precoce e reexpansão pulmonar, contribuem para reduzir complicações, melhorar a oxigenação e diminuir o tempo de internação hospitalar.

Reabilitação Pós-Extubação

Após a retirada da ventilação mecânica, o paciente com IRA geralmente apresenta perda de força muscular, fadiga e risco de novas complicações respiratórias. A fisioterapia desempenha papel central na reabilitação, utilizando estratégias focadas em:

  • Exercícios respiratórios e treino muscular inspiratório:
    Técnicas como o uso de Threshold, treino isocapnico e exercícios com P-Flex são eficazes para restabelecer a força dos músculos respiratórios, especialmente o diafragma, facilitando o desmame ventilatório e prevenindo recaídas.
  • Treinamento físico e mobilização precoce:
    Envolve cinesioterapia ativa, exercícios para membros superiores e inferiores, além de recondicionamento funcional, prevenindo as consequências da imobilidade prolongada.
  • Estratégias para reduzir fadiga e complicações respiratórias:
    Incluem reexpansão pulmonar através de inspirações profundas, uso de incentivadores respiratórios e protocolos individualizados de mobilização, todos direcionados a evitar atelectasias, infecções e prejuízo funcional. A atuação do fisioterapeuta é contínua, acompanhando de perto a progressão funcional, monitorando sinais de desconforto e ajustando o plano terapêutico conforme a resposta clínica do paciente.

Considerações Finais

O fisioterapeuta com especialidade nos cuidados ventilatórios é peça-chave no manejo da IRA. Sua atuação vai desde a avaliação inicial, implementação e ajuste de dispositivos não invasivos, execução de técnicas de higiene brônquica, até a reabilitação pós-extubação, sempre fundamentado em protocolos atualizados e evidências científicas. A integração do fisioterapeuta à equipe multiprofissional favorece decisões rápidas e fundamentadas, além do compartilhamento de informações que promovem o cuidado centrado no paciente e otimizam o prognóstico. A constante atualização por meio de cursos, congressos e leitura crítica da literatura é indispensável para a segurança e efetividade das práticas.

Perguntas Frequentes