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Aferição de sinais vitais: pressão arterial, temperatura, frequência cardíaca e saturação de oxigênio

São chamados de sinais vitais (SSVV) os elementos básicos que evidenciam o adequado funcionamento do organismo ou o surgimento de alterações no que diz respeito às funções vitais e a manutenção da vida. Os SSVV são a temperatura corporal, frequência respiratória, pressão arterial e frequência cardíaca. Para uma avaliação mais precisa e eficiente, deve-se associar à interpretação dos SSVV, informações quanto ao nível de consciência e a oximetria de pulso.  

Os sinais vitais devem ser aferidos nas consultas, admissões, antes e depois de cirurgias e procedimentos invasivos, antes da administração de medicamentos e de acordo com estado geral do paciente (de 12h/12h, 8h/8h, de 2h/2h ou conforme prescrição). 

Pressão arterial: técnicas corretas de medição
 

A medida da PA com técnica auscultatória é amplamente realizada com esfigmomanômetro aneroide e estetoscópio. Estes, substituíram os dispositivos de mercúrio utilizados anteriormente e que eram os mais fidedignos. Porém, os aneroides são facilmente danificados e requerem recalibração frequente, ao menos a cada 12 meses, para garantir sua precisão.  

O esfigmomanômetro é formado pelo conjunto do manguito, a bolsa de borracha inflável revestida por tecido não distensível; manômetro para registro da pressão; sistema de válvulas, tubos e pera de borracha que permite a inflação e a deflação. A inflação do manguito sobre a artéria braquial interrompe o fluxo sanguíneo. Com a deflação, há redução da pressão do manguito; quando a pressão gerada pela contração do ventrículo esquerdo impulsiona o sangue pela artéria, há a produção de sons característicos que são auscultados pelo estetoscópio. São os chamados sons de Korotkoff.  

A técnica auscultatória requer boa audição coordenada com a visualização dos valores na escala do aparelho, para promover a identificação correta dos sons que determinam as pressões arteriais sistólica e diastólica.  

Sons de Korotkoff
 

A medida da PA com aparelhos automáticos ou semiautomáticos, com técnica oscilométrica, apresenta vantagens em relação à técnica auscultatória, principalmente por afastar ou diminuir os erros sistemáticos de aproximação de valores e da influência da presença do observador, além da realização incorreta do procedimento. Outra utilidade do uso desses equipamentos é a realização da medida da PA pelo paciente sem a presença do profissional de saúde, denominada medida da PA desacompanhada.   

Os equipamentos, mesmo validados para adultos, necessitam de validação em populações especiais: crianças, gestantes, idosos, pessoas com circunferência do braço acima de 42 cm e aqueles com arritmias. A avaliação da calibração dos equipamentos automáticos ou semiautomáticos deve ser realizada a cada 12 meses.  

Classificação da pressão arterial (PA) de acordo com a medida no consultório a partir de 18 anos de idade

Fatores como idade (aumenta com a idade devido à arteriosclerose ou aterosclerose), gênero (as mulheres tendem a desenvolver PA menor que homens da mesma faixa etária) exercício e atividade (a PA aumenta durante os exercícios físicos, quando em condições desfavoráveis), emoções e dor (estimulação do sistema nervoso simpático, responsável pelo aumento das contrações) influenciam diretamente nos valores da pressão arterial. 

Temperatura corporal: métodos de aferição e variações normais

A temperatura corporal é um parâmetro importante em diagnósticos. Sua variação pode indicar sinal de alerta para problemas graves. A aferição da temperatura corporal é feita com o uso de termômetro, que pode ser de vidro, digital ou descartável. O local mais comumente usado para a aferição é a axila. Os locais distinguem-se em temperaturas dentro da normalidade: 

  • Temperatura axilar: 36 a 36,8º C 
  • Temperatura inguinal: 36 a 36,8º C 
  • Temperatura bucal: 36,2 a 37º C 
  • Temperatura retal: 36,4 a 37,2 

Terminologias

  • Hipotermia: abaixo de 35º 
  • Afebril/normotérmico: 36 a 37º 
  • Estado febril/febrícula: 37,5 a 37,9º 
  • Hipertermia (Febre): 38 a 38,9º 
  • Pirexia: 39 a 40º 
  • Hiperpirexia: acima de 40º 

 Alguns fatores afetam a temperatura corporal:  

  • Idade 
  • Atividade física 
  • Nível hormonal (período de ovulação) 
  • Rítmo cardíaco 
  • Hemorragias 
  • Emoções 
  • Estresse 
  • Temperatura do ambiente 
  • Infecções 
  • Subnutrição 
  • Sono e repouso 
  • Medicamentos: antitérmicos 

Alguns cuidados podem ser empregados pela equipe de enfermagem em caso de alteração de temperatura: 

  • Hipotermia: aquecimento do ambiente; aquecimento do indivíduo com cobertores; oferta de líquidos mornos;  
  • Hipertermia: ambiente arejado; Retirada de cobertores e/ou excesso de roupas que ofertem calor por condução; aplicação de compressas frias nas regiões frontais, axilares e inguinal; banhos frios – não gelados (aspersão); administração de antitérmicos.  

Frequência cardíaca: como avaliar corretamente

Aferir a frequência cardíaca envolve contar o número de batimentos do coração por minuto. Isso pode ser feito através da palpação do pulso em locais como o pescoço (carótida) ou o pulso radial (braço):  

  1. Escolha o local para palpação: o pulso radial (no punho) ou o pulso carotídeo (no pescoço) são os locais mais comuns. 
  2. Posicione os dedos: use os dedos médio e indicador para pressionar suavemente a artéria escolhida. 
  3. Conte os batimentos: conte os batimentos por um minuto, ou pode contar por 30 segundos e multiplicar por 2. 
  4. Observe o ritmo: além de contar, preste atenção à regularidade, força e amplitude dos batimentos.   

Valores normais por idade

  • Crianças até 2 anos: 120 a 140 bpm. 
  • Crianças de 8 a 17 anos: 80 a 100 bpm. 
  • Adultos (18-65 anos): 
  • Mulheres: 73 a 78 bpm. 
  • Homens: 70 a 76 bpm. 
  • Idosos (acima de 65 anos): 50 a 70 bpm.   

Fatores que afetam a frequência cardíaca

  • Idade:  a frequência cardíaca tende a diminuir com a idade. 
  • Atividade física:  a frequência cardíaca aumenta durante a atividade física. 
  • Estado emocional: ansiedade, medo e emoções fortes podem aumentar a frequência cardíaca. 
  • Doenças cardíacas:  algumas doenças cardíacas podem afetar a frequência cardíaca. 
  • Outros fatores:  fatores como febre, medicamentos, álcool e cafeína também podem influenciar a frequência cardíaca.  

Uma frequência cardíaca inferior a 60 bpm em repouso é considerada bradicardia. Embora seja comum em atletas, a bradicardia pode indicar problemas cardíacos, como hipotireoidismo ou bloqueios cardíacos.  

Uma frequência cardíaca acima de 100 bpm em repouso é considerada taquicardia. A taquicardia pode ser causada por diversos fatores, como ansiedade, febre, exercícios físicos e doenças cardíacas. Se a taquicardia for frequente ou acompanhada de sintomas como falta de ar ou palpitações, é importante consultar um cardiologista.  

Saturação de oxigênio: uso adequado do oxímetro de pulso
 

A oximetria de pulso, feita com um oxímetro, é um método não invasivo para medir a saturação de oxigênio no sangue, indicando quanto oxigênio as hemácias estão transportando. O oxímetro, um dispositivo pequeno, geralmente colocado no dedo, usa luz para determinar a porcentagem de hemoglobina oxigenada, exibindo este valor como SpO2. 

As leituras da oximetria devem ser interpretadas em conjunto com outros dados clínicos, como a frequência cardíaca, a frequência respiratória, e a avaliação do paciente.  

Valores de referência

  • Normal: entre 95% e 100%. 
  • Preocupante: entre 90% e 95%. 
  • Crítico:  abaixo de 90%  

A saturação de oxigênio pode variar por diversos motivos. Dentre os principais, estão: 

  • Altitudes elevadas, devido à menor disponibilidade de oxigênio no ar. 
  • Doenças respiratórias como asma, DPOC ou pneumonia, que comprometem a troca gasosa nos pulmões. 
  • Problemas cardíacos que afetam a circulação e, consequentemente, a oxigenação dos tecidos. 
  • Uso de tabaco, pois reduz a capacidade de transporte de oxigênio pela hemoglobina. 

O uso das técnicas corretas e de instrumentos eficazes para a aferição dos sinais vitais são imprescindíveis no processo de trabalho da enfermagem, assim como o conhecimento dos valores de referência. As alterações desses valores são geralmente um sinal de alerta e sua interpretação é também papel do enfermeiro. É importante que a equipe de enfermagem domine as técnicas e suas leituras para a segurança do paciente.